OPINIóN
Actualizado 26/04/2024 08:58:21
Miguel Nascimento

Hoje em Portugal comemora-se o 50º aniversário do 25 de Abril, a “Revolução dos Cravos” que nos devolveu a liberdade depois do mais longo período ditatorial da Europa. É uma data histórica, memorável, que celebramos com uma enorme alegria e entusiasmo. Hoje e sempre saudamos os “Capitães de Abril” e o MFA – Movimento das Forças Armadas, agradecendo a sua coragem, determinação e resiliência na destituição de um regime que oprimiu Portugal e os portugueses durante 48 longos anos, isolando-nos do resto da Europa e do mundo livre.

Saudamos os resistentes e todos os opositores da ditadura que, num rasgo permanente de enorme valentia, nunca deixaram morrer a esperança para que pudesse acontecer a “madrugada que todos esperávamos”, esse “dia inicial inteiro e limpo”, para citar as palavras profundas e impactantes de Sophia de Melo Breyner. Os cravos vermelhos simbolizam a cor das armas caladas e a força da palavra. A revolução fez-se sem a confrontação que se temia. O sangue dos portugueses quase não foi derramado.

A inteligência e o coração aberto dos militares de Abril contribuíram para que tudo acontecesse de forma pacífica. Portugal acordou da letargia, embalado nas canções de um tempo extraordinário que foi soltando amarras que nos prendiam a um dos períodos mais negros da nossa história. De então para cá começamos a respirar liberdade e a desenhar caminhos de presente com futuro. Hoje celebramos a vitória das forças democráticas e recordamos as atrocidades do Estado Novo para que não voltem a acontecer.

É preciso lembrar e não esquecer para que esse tempo tenebroso não volte a amarrar-nos às masmorras da desumanidade. Passados 50 anos da revolução dos cravos e com uma democracia bem consolidada precisamos, mais do que nunca, de vir para as ruas “gritar” repetidamente “25 de Abril sempre”, “fascismo nunca mais”! A democracia é uma bem maior que devemos preservar e defender em nome de todos os amanhãs que cantam. Hoje, na Europa crescem os populismos e as forças anti-democráticas camufladas em partidos políticos.

Precisamos de lhes dar combate. Temos que estar atentos. Não podemos adormecer tranquilamente pensando que tudo está garantido. Precisamos de seguir no caminho da democracia, limando as suas arestas e corrigindo as suas imperfeições. Todos os democratas são chamados a este combate. Ninguém pode ficar para trás. Hoje, neste dia tão simbólico quanto especial, é tempo de virmos para a rua cantar a Grândola Vila Morena, evocar o saudoso Zeca Afonso e todos os que nos deixaram caminhos abertos e livres para continuarmos a construir a terra da fraternidade. Viva o 25 de Abril, sempre!

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