OPINIóN
Actualizado 09/04/2023 09:50:14
Miguel Nascimento

Hoje é Domingo de Páscoa. É tempo de aleluia, ressurreição, renovação e, naturalmente, de reunião. É tempo de nos encontramos connosco e com os nossos para partilharmos o pão e o vinho sobre a mesa. É tempo de simbolismo maior que devemos abraçar em absoluta comunhão de espírito e fraternidade. É um tempo balsâmico e de serenidade. Saibamos aproveitar o seu balanço. As mesas serão mais ou menos fartas em função das possibilidades de cada um. Mas não é isso o que verdadeiramente importa num dia de significado maior. Hoje é tempo do templo do Senhor e de todos os que nele couberem pelo coração. Ali, naquele lugar sagrado, não se paga para entrar. Pede-se, humildemente, que nos deixem entrar, para também partilharmos desse pão e desse vinho que nos alimentarão mais o espírito do que o corpo. Despojados de todos os preconceitos que nos tolhem o pensamento e os movimentos apresentamo-nos no Templo para, em comunhão de espírito, partilharmos dos rituais que re-significam a ancestralidade é que que há mais de dois mil anos que são repetidos. Sabemos o que vai acontecer a cada tempo do ritual do Templo. Mas cada passo e cada momento são únicos porque os vivenciamos com intensidade.Sentimo-nos livres e fraternos. Seguimos a fé que nos guia. Avançamos sem medo. Acreditamos na luz que ilumina o caminho da esperança. Descobrimo-nos, alavancados no reflexo dos outros. O ritual que é quase igual ao do ano anterior, ganha um significado particular em função da nossa abertura espiritual e da nossa particular atenção. A Páscoa que vivemos hoje é feita de muitas latitudes e dimensões que nos enchem a alma. Nós somos mais se nos completarmos com tudo o que de bom e mau que os estão à nossa volta nos puderem acrescentar. E quando temos essa abertura de espírito podemos sempre dizer aleluia, aleluia, porque nós também podemos ressuscitar a nossa fé e a nossa confiança no presente e no futuro. Saibamos ajudar a construir o Templo, o comum, e também o das veredas da interioridade. Saibamos escalar a montanha da vida na humildade dos caminhos que percorremos em fraternidade. A Páscoa é uma passagem. Uma partilha e uma extraordinária metamorfose. Saibamos também interpretar os sinais que a natureza nos dá para a partir do chão nos elevarmos como melhores seres humanos num tempo tão difícil quanto complexo. Este Domingo de Páscoa e de sol representa o peso da história e da espiritualidade que se revela diante de nós através do Templo que soubermos construir com as nossas mãos e com as de todos os que nos acompanham nesta viagem entre a terra dos vivos e o Oriente eterno.

Feliz Páscoa para todos!

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