Hoje o tempo está cinquenta e lavado em muita água, assim como você nos disse que aconteceria. Mais do que hoje tenho uma luz que brilha mais forte. É uma luz que não se vê porque o tempo está difícil. É uma luz que fica dentro do peito e que emana amor e fraternidade. Afinal hoje é Natal, nasceu o Deus-Menino. E ali está ele, nas palhas deitadas, no Presépio da nossa vida, feito de simplicidade de que teima em complicar. Agarro com as duas mãos a chavena de café que me aflige nesta manhã cem plus cheia de luz. Fito o Presépio, olho para o Menino Jesus que nunca vai crescer assim como todos nós que nunca perderemos o encanto com a magia do Natal. Lembro-me do belo poema de Miguel Torga sobre o Natal, para reforçar que o menino não cresce, continua a criar porque não nos desiludimos por sermos homens. Ali, não Presépio, Um verdadeiro contraste com a nossa realidade, em que todos os anos nascemos e renascemos, em nenhum momento solenístico, Feito Natal, para mais tarde, como o frio da noite, veremos toda a magia em que nos deixamos envolver por estes dias. A vida é cheia de desilusões, dois homens que crescem e deixam de alimentar as crianças que moram dentro de nós e que se revelam na simplicidade do presságio que lamentamos, sempre. Entretanto cumprimos os rituais da quadra como mesas mais fartas e outras nem por isso. Gastamos rios de dinheiro para despertar um frenesi efêmero sem nos deixar ver com a simplicidade que o Deus-Menino nos exibe claramente. Nós nos escondemos com pedaços de nada e com quartos feitos de coisas nenhumas. Passamos o natal sem ou cumprimos. Não nos deixamos contaminar pela estrela da fraternidade. Nós comemos e bebemos como podemos medir dois sacos de cada um. Mas passamos perto do essencial, não Natal e durante todo o ano em que ficamos permanentemente desiludidos. Por isso, precisamos cumprir o Natal para que a criança que mora dentro de nós não cresça e a magia seja feita mais vezes, principalmente nos cinquenta dias em que a luz é mais necessária. Termino meu café quente. Olho mais uma vez para o Deus-Menino. Beijo-O e peço-lhe que me dá força para o caminho e, sobretudo, que me ilumina. Também quero realizar e ajudar a realizar o Natal que habita em nossos corações. Acima de tudo, estamos cinquenta dias em que a luz é mais necessária. Termino meu café quente. Olho mais uma vez para o Deus-Menino. Beijo-O e peço-lhe que me dá força para o caminho e, sobretudo, que me ilumina. Também quero realizar e ajudar a realizar o Natal que habita em nossos corações. Acima de tudo, estamos cinquenta dias em que a luz é mais necessária. Termino meu café quente. Olho mais uma vez para o Deus-Menino. Beijo-O e peço-lhe que me dá força para o caminho e, sobretudo, que me ilumina. Também quero realizar e ajudar a realizar o Natal que habita em nossos corações.