Deixo-me levar uma e outra vez pelas palavras que Miguel Torga juntou em forma de poesia. Encanto-me cada vez mais com elas por serem tão belas, densas e assertivas. Recolho no seu poema “Viagem “ o estímulo necessário para reforçar a fé no marinheiro enquanto vou aparelhando o meu barco da ilusão. O sonho está longe, sempre esteve. Por isso é preciso procurar e navegar que ele não vem ter connosco. É preciso fazer para encontrar. É preciso navegar para lá chegar. O sonho é traiçoeiro tal como o mar. Mas temos que seguir em frente e navegar neste nosso barco da ilusão e nesta vida que temos, a que nos foi concedida. É só uma, temos que a aproveitar. É nela que temos que procurar e navegar o paraíso que perdemos. A cada ponto da viagem há ilusão e desilusão. Há dias melhores e outros piores. Nunca nada está certo ou errado. A viagem segue, sempre com fé reforçada no marinheiro. Não hesitei na decisão. O pior teria sido ter ficado amarrado ao cais. É preciso largar a vela, sempre, deixando longe a paz tolhida. É preciso procurar e navegar, no meio do mar, o sonho que merecemos e desejamos conquistar. Nem sempre é fácil. O mar é duro e traiçoeiro. Mas vou em frente, sempre em frente, com fé reforçada no marinheiro que, no seu barco da ilusão, corta as ondas do mar sem desanimar. Tal como ele e em qualquer aventura o que importa é partir, não é chegar.