OPINIóN
Actualizado 04/12/2022 09:23:24
Miguel Nascimento

Inspiro-me na história da lagarta que um dia ousou dizer que ia voar. Todos se riram menos as borboletas. Na verdade todos os que ousam empreender ou seguir por caminhos que não estão feitos identificam-se com todas as lagartas que têm o sonho de voar. Enquanto sonhamos e verbalizamos os nossos desejos muitos riem-se de nós na medida em que não acreditam que os possamos concretizar. Mas os que pensam como nós sabem que as metamorfoses são processos tão complexos quanto necessários para a nossa transformação. Os que acreditam nas suas capacidades e têm vontade de alcançar o que está para além da linha do horizonte não fazem caso às gargalhadas dos descrentes. Confiam. Confiam no caminho e na jornada que vão empreender. No meio do trajecto vão-se transformando no que são e desejaram ser. Os que ao princípio se riram com desdém são os mesmos que agora perguntam como foi possível terem chegado até aqui. Na nossa vida nem sempre acreditamos em nós. Nem sempre os outros acreditam em nós. Mas se acreditarmos e confiarmos podemos voar para onde quisermos. A lagarta se não acreditasse que podia voar nunca se chegaria a transformar numa borboleta. A nossa viagem, tal como a das lagartas, está repleta de dificuldades e de muitas energias que emanam dos que se riem de nós. Mas se quisemos concretizar os nossos sonhos - que passam pela nossa capacidade de voarmos para onde quisermos - temos que fazer tudo o que está ao nosso alcance para conseguirmos ter asas para voar, mesmo que alguns se riam enquanto tentamos. E ao tentarmos as vezes que forem necessárias estamos a transformar-nos no que desejamos ser. No nosso caminho encontramos muitas portas fechadas e outras entreabertas onde mora gente que não acredita em nós. Mas também encontraremos aqueles (poucos) que estarão sempre connosco, ajudando-nos a enfrentar as adversidades e a ganharmos asas para voar. São esses os que devemos valorizar sempre e não os outros, os que se riem. No final da jornada seremos borboletas que saíram das lagartas que sempre quiseram voar. Se ficássemos tolhidos pelos que se riram da nossa ousadia nunca teríamos saído do mesmo lugar. Nunca teríamos conhecido o prazer do voo deslumbrante entre flores e mil cheiros e odores. Devemos seguir em frente e agradecer a quem confia e acredita em nós. Não podemos hesitar. Temos que ser nós por inteiro, mesmo que se riam. Os sonhos estão aí para os concretizarmos. É tempo de aprendermos a voar para não ficarmos colados ao chão. Ousar é vencer. É voar. É viver.

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