OPINIóN
Actualizado 27/11/2022 10:22:10
Miguel Nascimento

A vida é como subir uma montanha. É uma escalada difícil, repleta de dificuldades e desafios. Mas quando chegamos ao topo a vista que se alcança é sublime. E se conseguirmos chegar ao cume sem pisarmos ninguém pelo caminho podemos, nesse momento único, abrir o coração para que o ar da montanha nos encha de felicidade. Há um provérbio japonês que me ajuda a percorrer os dias: “As dificuldades são como as montanhas. Elas só se aplainam quando avançamos sobre elas.” Na verdade, quando as dificuldades são grandes, como as montanhas, só as podemos aplainar se nos dedicarmos ao trabalho árduo que, uma a uma, as possamos aplainar. Entretanto, nessa batalha interminável que é a nossa vida vamos encontrando solidariedades inesperadas e amigos de verdade. Esses gestos e momentos valem por tudo e quase nos fazem esquecer o objectivo primeiro da nossa escalada. De resto, como supostamente nos disse Hemingway os que estão ao nossa lado importam mais do que a própria guerra. Por isso, quando subimos acompanhados, mesmo que as dificuldades sejam imensas, vamos cumprindo, em profunda coesão e solidariedade, o combate contra as impossibilidades, escalando um pouco todos os dias como refere o código dos samurais. Se assim fizermos aprendemos que as montanhas da vida não existem apenas para as tentarmos aplainar ou para chegarmos ao topo mas para aprendermos o valor da escalada. Observo muitos dos sobem a montanha cobertos de ansiedade. São fortes e determinados. Galopam as pedras. Pisam tudo e todos. Vão sozinhos porque querem chegar primeiro. Estão sozinhos porque abandonaram os seus companheiros de viagem por causa da competitividade desenfreada a que se entregaram. Chegam ao topo sozinhos. Como os outros que chegam também contemplam a paisagem. Mas, para além do que vêem, não alcançam mais nada e até questionam o esforço realizado para tão fraca recompensa. Na verdade não compreenderam nada apesar de terem subido ao topo. Não perceberam a importância da companhia, da cumplicidade e da solidariedade na hora de aplainarmos as montanhas. A vida não é para quem passa por ela. É para quem a entende e deseja ser feliz acima de tudo

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