A vida nem sempre é um oásis de paz e de alegria. Também é deserto repleto de calor e miragens. No meio das areias perdemo-nos. Perdemos a fé e a esperança. Andamos às voltas. Pisamos e repisamos caminhos andados que o vento e as areias tapam e destapam. Desorientamo-nos. Ficamos frágeis. Somos tentados pelos demónios. Não os que um dia imaginámos. Mas os outros, os que nos confrontam na intimidade. De alguma forma, como disse o escritor norte-americano Nelson DeMille, “os nossos demónios nunca são exactamente como esparávamos que fossem quando os encontramos frente a frente”. Na verdade, os nossos demónios são os mais poderosos na medida em que se apoderam do nosso lado negro. E quando nos deparamos com eles sabemos que são fortes e determinados. Como vêm de dentro temos mais dificuldade em enfrentá-los. Afinal como conseguimos combater uma parte de nós? O combate connosco é sempre o mais difícil de todos. Os nossos demónios são os mais difíceis de derrotar. E só os podemos superar com amor com nos disse Bob Marley. Os demónios são criaturas das profundezas. Escondem-se bem lá no fundo de nós. Para os encontrarmos temos, como diz a letra da canção “Demons” da banda Imagine Dragons, que saber olhar nos olhos. E eu acrescento que precisamos sempre de ajuda, sobretudo de alguém que nos olhe nos olhos e nos compreenda na nossa plenitude para que, a partir de dentro e com a ajuda de fora, possamos identificar, combater e derrotar o que é preciso. Mas cuidado, não exageremos na dose. Ao matarmos os nossos demónios não podemos destruir o melhor de nós (Nietzsche), na medida em que somos feitos de equilíbrios e desequilíbrios, de zonas claras e escuras, de anjos e demónios. Somos feitos de dias de sol e de campos de tempestade onde travamos os nossos combates. Precisamos de coragem para assumirmos quem somos e como somos. Precisamos de andar para a frente levando os nossos anjos e demónios connosco. Em cada etapa do caminho alimentamos mais uns do que outros. Esse é o nosso destino e também a nossa condição. Também é aí que reside a nossa humanidade. As nossas fraquezas também são forças. No meio do caminho as nossas debilidades serão fortalezas se deixarmos que nos olhem nos olhos para que nos ajudem a encontrar os nossos demónios. Mas comio os sábios nos dizem “não devemos destruí-los por completo uma vez que é lá que se encontra o melhor de nós. Sem demónios não conheceremos os anjos que vêm em nosso auxílio. Sem uns não temos os outros. E se olharmos no fundo dos olhos ficamos a saber que, na verdade, esta nossa viagem só valerá a pena se soubermos contar com os outros para equilibrarmos as nossas virtudes no meio de todos os nossos defeitos. Os nossos demónios seguem connosco a partir das nossas profundezas. São um peso que carregamos. Mas precisamos sempre deles para que os anjos venham em nosso auxílio, olhando-nos nos olhos para encontrarem o que precisam de enc