OPINIóN
Actualizado 28/08/2022 11:39:57
Miguel Nascimento

A respiração é um acto tão natural que nem reparamos nele. Respiramos e pronto. Vivemos do ar que respiramos. Sem ele nada feito. A função de respirar é, como se sabe, fundamental para a nossa vida. Apesar disso não a valorizamos como, na verdade, a devíamos valorizar. Respirar é viver. É andar, correr e abraçar. É amar. Nem sempre as coisas correm como queremos, como desejámos ou planificámos. Nesses momentos respiramos fundo. Seguimos em frente, como nos disse Clarice Lispector, “respirando as nossas fraquezas”. Não temos que ser sempre fortes. Não conseguimos ser sempre fortes. O facto de subirmos e descermos a montanha querendo com isso dizer que nem sempre estamos bem ou mal, significa, entre outras coisas, que a humana condição está entranhada na nossa pele. Respirar é preciso. É incondicional. E respirar fundo também para que depois da tempestade possamos respirar, de novo, de forma pausada e tranquila até ao ponto de não darmos conta que estamos a respirar. As circunstâncias da vida esgotam-nos e esgotam o ar que respiramos. Outras alimentam-nos. Dão-nos força. Fornecem-nos o oxigénio necessário para seguirmos o caminho que temos que seguir. Na verdade quando não damos conta que estamos a respirar é porque tudo segue de forma tranquila. Porém a vida é mais do que respirar tranquilamente e seguir caminho com um pé à frente do outro. A este propósito Bob Marley disse-nos que “a vida não é medida pelo número de vezes que respiramos , mas pelos momentos em que perdemos o fôlego”. Sim é isso que importa. Não nos devemos esquecer de respirar para cumprirmos uma função essencial à nossa vida. Mas para termos uma vida com mais sentido e emoção temos que viver momentos que nos quebrem a respiração e nos façam perder o fôlego. Isso significa que não nos devemos esquecer de nós para nos lembrarmos de cumprir uma viagem que vai muito para além do acto de respirar. Às vezes, perdermos o fôlego é encontramo-nos com o melhor de nós, conferindo ainda mais sentido à nossa existência.

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