Dá-me a tua mão. Não me largues. Segura-me como eu me seguro a ti. Sei que a estrada é longa e o percurso é resvaladiço. Não tenho medo de seguir em frente. Mas preciso de sentir a tua mão abraçada à minha para seguir no caminho, mais seguro, confiante e determinado. A tua mão guia-me. Dá-me conforto. Não preciso ver. Confio na mão que toca e me leva para onde tenho que ir. É por isso que reclamo a todo o instante: dá-me a tua mão! Não me largues. Leva-me contigo para onde fores. Para onde quiseres. Não quero ir sozinho a lado nenhum. Quero ir contigo. Quero segurar na tua mão. Quero sentir o teu toque, a transpiração das nossas mãos agarradas uma à outra com força.
As mãos foram criadas para tocarem umas nas outras. Para se entrelaçarem no tempo e no espaço de cada um de nós. Uma mão completa-se com a outra na mesma medida em que nos preenchemos na continuidade dos outros. Por isso, uma
mão não se nega a ninguém. A mão é amor e cumplicidade. É sinónimo de ajuda e solidariedade. É quem puxa para cima quando alguém está em baixo. É ela que resgata e orienta quando nos perdemos. A mão, pesada ou leve, é o sentido da proximidade. É a expressão maior da nossa humanidade por nos completarmos na sua extensão de afectos. Não somos nada sem os outros. A nossa mão precisa de outra que a agarre para se sentir feliz e parte integrante de vidas que se ligam umas às outras. Reclamo a tua mão para me sentir seguro e para sentir o significado da vida na insustentável leveza do toque de uma mão que não é minha mas é como se fosse. Dá-me a tua mão. Segura-me. Não me deixes cair. Leva-me contigo. Eu confio. Não preciso ver para onde vamos. Basta que a tua mão segure na minha como eu seguro na tua. Vamos que se faz tarde. Não podemos perder tempo. Dá-me a tua mão, faz-me sentir seguro e feliz nos caminhos que escolhermos para o destino que mais nos importar. Dá-me a tua mão. Vamos, agora, que se faz tarde.