OPINIóN
Actualizado 14/06/2022 07:50:48
Miguel Nascimento

Alguns de nós gostam de vidas programadas. Outros deixam fluir. Gostam de seguir os caminhos que a vida proporciona, sem horas marcadas e etapas por cumprir. Fazem-se ao caminho e seguem. Outros, ao invés, planeiam a viagem. Vão aos pormenores. Aprimoram os detalhes. Desenham planos alternativos para o caso de alguma coisa falhar. Uns e outros não estão certos nem errados. Encaram a vida em diferentes perspectivas. Vivem-na de acordo com as suas orientações, princípios e valores. Seguem caminhos diferentes para alcançarem os respectivos destinos. Porém, apesar das abordagens diferenciadas à vida existem sempre pontos comuns. Um deles é o encanto da surpresa. O que nos surpreende é mágico. Se formos muito organizados e programados a surpresa tem um efeito notável, nomeadamente se for de natureza positiva. Ela acontece fora da caixa de todas as planificações. Não foi prevista nem antecipada. Aconteceu, simplesmente. Surpreendeu e gerou encanto. Desarmou. Criou magia em linhas demasiado rígidas. Encheu de cor o que funcionava a preto e branco. Conferiu luz e emoção ao caminho programado.

Curiosamente, no outro lado da ponte estão os que não programam nada e deixam fluir. Aparentemente estão mais receptivos à surpresa e ao seu encanto. Mas mesmo assim as coisas que lhes acontecem de forma inesperada encantam-nos de forma indelével. Estão familiarizados com a surpresa e mesmo assim deixam-se sempre seduzir por ela. Agradecem cada momento desses como se fosse o primeiro e o único. Na verdade, uns com mais intensidade e outros com menos, a surpresa acaba sempre por encantar e fazer brilhar todas as luzes no escuro. Como nos disse Albert Einstein, “aquele que já não consegue sentir espanto nem surpresa está, por assim dizer, morto; os seus olhos estão apagados. “ Talvez por isso, uns e outros se agarrem, apesar da abordagem diferenciada, ao que os liga à vida. Ao que os mantém acordados e de olhos abertos para o que deve ser visto e vivido. O tempo do caminho é curto como todos sabemos. Temos que ir ao encontro do nosso destino. E cada um sabe de si e também da forma como pode ou deseja fazer a sua travessia. Há quem saiba de todos mas isso é outra conversa. O que importa é seguirmos viagem encontrarmos espaço para deixarmos a surpresa acontecer. Todos precisamos de momentos mágicos que nos empurrem ao encontro do encanto com as pessoas e com os momentos do caminho. Também por isso devemos deixar as portas e janelas abertas para que a surpresa nos visite sempre que assim o entender, encantando-nos com o que nos deve encantar.

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