O diálogo é uma coisa extraordinária. É um caminho que se abre à comunicação que liga e fortalece. Desfaz mitos e equívocos. Esclarece. Justifica. Enquadra. As palavras ditas com sinceridade e escutadas com o coração abrem portas por onde podemos entrar e edificam janelas largas para vislumbrarmos paisagens sem fim. Os silêncios bloqueiam. Erguem muros e destroem pontes. Perante um problema real ou alimentado artificialmente o diálogo ajuda a descomprimir e a desconstruir para que tudo se possa resolver. Mas o orgulho bacoco e a vaidade pessoal criam demasiados bloqueios. Infelizmente esta constatação não é de hoje nem de ontem. Já Isaac Newton afirmava que “construímos muros demais e pontes de menos.” E se não tivermos pontes não podemos atravessar os rios para o outro lado. A humanidade vai assim …em processos de bloqueio e desejosa de construir muros, nas grandes questões da diplomacia internacional e também nas outras, mais simples, que dizem respeito à nossa vida de todos os dias. A comunicação é fundamental para que a palavra certa chegue a coração que desejamos abraçar. Os muros protegem a vaidade e fazem aumentar o seu tamanho. Mas não ajudam a construir nada. Antes pelo contrário, vão secando tudo à volta, até a esperança. O orgulho delimita espaços, cria distância, promove a frieza. O escritor moçambicano Mia Couto fala-nos de um rio chamado tempo e de uma casa chamada terra para reforçar o seguinte: “Encheram a terra de fronteiras, carregaram o céu de bandeiras, mas só há duas nações – a dos vivos e dos mortos”. A latitude do tempo presente revela-nos que a humanidade não aprendeu nada com os erros. Continuamos a alimentar o orgulho e a vaidade que não servirão para nada. A vida passa demasiado rápido. Por isso não devemos gastar o pouco tempo que temos a erguer muros e a alimentar egos com demasiada soberba. A humildade e a simplicidade do diálogo dão luz à esperança e elevam o melhor de cada um de nós na construção das pontes que todos podemos e devemos atravessar. A humanidade precisa, urgentemente, de sinais de verdadeira dimensão humanista para que o futuro seja uma geografia luminosa, dinamizada pelo afecto e pela disponibilidade para os outros. As comunidades não são somatórios de individualistas. São a expressão da vontade de todos e da fruição da palavra dita e escutada.