OPINIóN
Actualizado 21/11/2021
Miguel Nascimento




Um esforço é um excesso de força. É um impulso. É o empenho que nós colocamos na realização de alguma coisa. É um assomo de energia. Fazemos muitos esforços ao longo da vida. Uns mais intensos e outros menos. Mas um esforço é sempre a mobilização de uma vontade para fazermos isto e aquilo; para concretizarmos um objectivo, um projecto ou uma ideia. Fazemos esforços para chegarmos para além do sítio onde estamos. Neste esforço em permanência que atravessa o nosso tempo fazemos muitos esforços em vão. Ou seja, esforçamo-nos para nada. Apenas para constatarmos as evidências da inutilidade e da inconsequência do nosso impulso esforçado. É perante este olhar de espelho das coisas falhadas que Alejandro Jodorowsky nos aconselha a não lutarmos "uma vida inteira por obter chaves onde não há portas." Ao fim de alguns esforços em vão a que chamamos experiência, vamos percebendo que algumas paredes não têm portas para serem atravessadas. Olhamos para elas no sentido de as transpor e percebemos que as chaves que temos na mão não abrem as portas que não existem. Depois de tantos esforços e de verificarmos a inutilidade das chaves que temos na mão sentimo-nos frustados e absolutamente zangados connosco por termos andando em vão. Fragilizados com o nosso fracasso contemplamos, de novo, a parede branca e vazia, sem portas para abrir. As chaves que temos na mão não servem ali. Mas,apesar do desânimo, queremos chegar ao outro lado para experimentarmos as nossas chaves em portas que existam. Cansados e abatidos pelos esforços em vão?decidimos não desistir e aprender com o fracasso dos nossos impulsos aparentemente inconsequentes. Afinal temos chaves na mão e elas não foram oferecidas nem compradas. Foram conquistadas! Então só temos que seguir caminho e procurar as portas onde elas façam a diferença, fazendo rodar maçanetas. A importância de novo impulso está no foco e na determinação. Seguimos em frente, com a memória fresca dos erros cometidos, para escolhermos melhores e caminhos e também novos companheiros de viagem que nos ajudem em propósitos comuns em vez de nos sugarem a energia. Afinal, as chaves que temos na mão são mais importantes para nos abrirem os olhos do que as portas que vamos encontrando nas nossas geografias atravessadas.

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