OPINIóN
Actualizado 18/07/2021
Miguel Nascimento

O caminho não é sempre plano. Tem altos e baixos e muitos obstáculos para contornar. Na viagem encontramos dificuldades que sozinhos não conseguimos superar. Par isso e por muito mais precisamos dos outros e os outros precisam de nós para seguirmos em frente, deixando as contrariedades para trás. Mas nem sempre podemos contar com todos, como sabemos. Muitos estão demasiado entretidos com os seus umbigos. Não têm disponibilidade para olhar para o lado e sentir as necessidades dos outros. Às vezes nem é preciso ajudar em nada. Basta estar e compartilhar, celebrar uma conquista ou encostar o ombro para uma boa conversa. A nossa companhia e a nossa presença em momentos triviais ou essenciais são sinais que não devemos deixar de evidenciar se desejamos contar com os outros. Celebrar a vida e ajudar a atravessar os momentos difíceis torna tudo mais leve e luminoso. E se tivermos esse espírito e essa vontade em permanência seremos sempre mais felizes na nossa caminhada. Apesar disso nem sempre a reciprocidade acontece. Somos humanos e as coisas falham. Em determinadas circunstâncias julgamos poder contar com alguém que acaba por falhar. Não devemos ficar demasiado tempo na estação do melindre. Temos que seguir em frente. Nem sempre podemos contar com todos. E nós também falhamos. A perfeição na reciprocidade não existe. Mas apesar de muitas coisas falharem sabemos que podemos contar sempre com alguém. Em certos momentos, bons ou maus, podem não estar todos. Estarão alguns. Estarão os que importam naquele momento. E contarmos sempre com alguém significa que nunca caminharemos sozinhos. Isso é o mais importante. Sentirmos a presença dos outros ao nosso lado enquanto caminhamos é uma benção, um bálsamo que não podemos dispensar. Entre o todos e a solidão que mata há um imenso intervalo para sentirmos o coração, o nosso e o dos outros. A vida é uma aprendizagem e uma festa que merece ser celebrada todos os dias. Infelizmente os ponteiros do relógio avançam demasiado depressa e sem piedade em relação ao futuro. Tratar do presente é uma tarefa sempre urgente. Por isso, não podemos perder-nos com os problemas sem solução ou com equações impossíveis. O tempo desbloqueará o que for importante. O resta será sempre catalogado como espuma dos dias. Com muitos ou poucos devemos seguir em frente com os que estão. E as faltas têm que ser relevadas na medida em que tudo isto é uma aprendizagem e ao mesmo tempo uma celebração.

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