Deixa de te apegar. Liberta-te. Não te prendas ao que pesa. Ao que não te deixa caminhar e voar para todos os lugares onde mora a felicidade. Muitos poderão pensar que as pessoas desapegadas são frias, insensíveis e que não se fixam em nenhum coração ou porto segura. Há quem julgue, erradamente, que os desapegados são nómadas do amor e dos afectos e que não se prendem aos outros e à própria comunidade. Ao invés, quem se desapega é livre e ama de forma liberta, sem pesos, condições e condicionantes. É feliz e consegue desenhar e construir felicidade com os outros, desbravar caminhos de luz e horizontes de esperança. O estádio do desapego não se alcança sem maturidade e crescimento individual. Só quem entende a vida está disponível para continuar a aprender com ela, a melhorar o qualidade do seu caminho e a elevar-se. Ninguém pode viver por nós e carregar os nossos pesos. Temos que ser nós a percorrer as veredas das dificuldades e a soborear os nossos momentos de alegria interior para nos equilibrarmos e completarmos. Os que estão à nossa volta não podem ser felizes por nós, nem podem viver as nossas angústias por nós. Temos que interpretar o papel que nos cabe no cenário da vida. Se nos resolvermos seremos luz para nós e para os outros. Seremos felizes, espalhando a felicidade, enquanto nos libertamos dos pesos que as circunstâncias nos trazem a cada volta do caminho. Precisamos desse exercício do desapego para nos tornarmos mais leves, para nos darmos aos outros. Desapegar é, acima de tudo, um exercício de liberdade e uma bússola de excelência para a boa navegação.