OPINIóN
Actualizado 07/03/2021
Miguel Nascimento

Os dias longos e cheios esgotam-nos. Cansam-nos. Sugam-nos a energia. Depois das tarefas cumpridas sob mantos de dúvidas e incertezas em relação ou futuro, apenas desejamos um breve repouso para amanhã continuarmos o caminho. Hoje o dia está completo e levou as nossas forças. Ainda assim procuramos a inspiração que nos chegue do nada para continuarmos a construir os sonhos das manhãs claras e límpidas que nos permitam ver a estrada com maior luminosidade. No final do dia intenso o corpo e a mente entrelaçam-se num derradeiro esforço dialéctico que exige mais e mais. Porém, o corpo cede ao cansaço e a mente segue-o para as profundezas do sono que repara e retempera. Não há nada como o conforto de uma almofada para restabelecer as energias que faltam. A noite passa a correr, cumprindo a sua extraordinária missão retemperadora. De manhã, há outro dia para cumprir e um novo tempo para enfrentar. A alvorada acontece, por dentro e por fora. A sinfonia que os pássaros interpretam de forma magistral estimula os nossos movimentos. A luz do dia chama-nos! A beleza da montanha convoca-nos de novo para o caminho. Seguimos viagem, apreciando cada momento sem pensarmos muito no desfecho da jornada. A inspiração acontece ao ritmo dos nossos passos. O coração aberto e livre deixa entrar o que deve entrar. As emoções tomam contam de nós e a imaginação liberta-se pelos campos a perder de vista. Agora não há limites. O corpo acompanha a mente que voa para todos os lugares. Nesses instantes de pura magia vivemos uma vida a espaços mas de intensidade maior. Inspiramo-nos em nós e nos outros. Aprendemos. Criamos. Desenhamos futuros e tempos de luz. Será isso a felicidade? Não sabemos. Ninguém sabe. Apenas deixamos que o tempo que corre nos leve para os caminhos que queremos percorrer para cumprirmos as tarefas que nos enchem de prazer. E enquanto fazemos inspiramo-nos a fazer mais hoje e também nos outros dias. Sonhamos de novo. Inspiramo-nos uma e outra vez. Nem tudo o que sonhamos conseguimos concretizar. Estamos muito longe disso! Mas entre o sonho que inspira e a inspiração do sonho cumprimo-nos por inteiro até que o cansaço nos atire de novo ao chão selando com um sorriso o final dos dias cheios que nos esgotam e nos enchem felicidade.

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