OPINIóN
Actualizado 24/01/2021
Miguel Nascimento

Adormeço na escuridão do cansaço. Mergulho no sono para me confinar dos dias de ausência dos beijos e abraços de liberdade. Os olhos encerram-se nos sonhos que a mente ditar. A noite acontece entre as estrelas até ao dia que amanhece repleto de esperança. Pela noite dentro acontecem tempos sem horas e sonhos sem limites. Tudo acontece para além dos horizontes que conseguimos imaginar. De manhã, pela fresca, recordamos por breves instantes os pedaços de sonhos sem sentido quais reflexos de realidades distorcidas e fragmentadas. Ao primeiro aroma de café esses pedaços de memória nocturna já não existem. O tempo que amanhece estimula-nos agora ao desfiar dos outros sonhos de todos os dias, aqueles que projectamos no caminho para se concretizaram. Mesmo confinados temos que nos fazer a eles para que não esmoreçam. A cada dia que amanhece há um esperança renovada apesar da triste realidade que enfrentamos. Mas, para além de todas as complexidades, anseios e medos, não podemos deixar de caminhar e sobretudo de sonhar com os dias luminosos que virão ao nosso encontro nem que seja na asa de uma qualquer borboleta que anuncie a Primavera. A geografia das realidades difíceis que encontramos à nosso frente pode tirar-nos o sono, enchendo-nos de inquietações. Mas não nos pode tirar o sonho das manhãs limpas e claras em que o sol nos beijará o rosto para compensar os afectos perdidos. Sim, chegará a hora de abraçarmos e beijarmos até ao infinito. Mas, agora é tempo de nós confinarmos para nos protegermos, todos, sem excepção. É tempo de esperarmos em segurança enquanto os que sabem e têm competências para isso fazem o que que têm que fazer. Estes são momentos que exigem o melhor de nós, reclamando no mesmo instante toda a paciência e tolerância que pudermos encontrar. Confinemo-nos na esperança de todos conseguirmos ver os dias que amanhecem e que ditarão a nossa liberdade. Deixemo-nos de exigir tudo e nada e acima de tudo de gastar energias com discussões intermináveis que apenas levam a becos sem saída. Este é o tempo de fazer, por nós e por todos. Mesmo que a nossa acção mais importante seja, simplesmente, não sairmos do sofá. Aproveitemos o momento para estarmos connosco e com os que nos são próximos para fazermos do confinamento um lugar de futuro e de esperança.

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