OPINIóN
Actualizado 13/12/2020
Miguel Nascimento

Na vida agitada que levamos falta-nos tantas vezes a paciência para enfrentarmos o que devemos enfrentar com mais serenidade. Não temos paciência para driblarmos as contrariedades que se apresentam no caminho. Não temos paciência para os outros e por vezes também não temos para nós. Queremos tudo no imediato. Não sabemos esperar. Alimentamos um frenesim que nos cansa e desgasta. Corremos muito para nada. Falta-nos a paciência que abre os caminhos do coração no sentido de compreendermos melhor os outros. Para sabermos conquistar mais espaço dentro e fora de nós. O fio do tempo passa rapidamente. Mas não nos damos conta disso. Não questionamos a nossa própria voracidade em relação aos dias que passam. Não nos deixamos serenar. Não abrimos as portas à paciência e ao encontro das coisas que acontecem no seu tempo sem as pressionarmos. Hoje, mais do que nunca, precisamos que a paciência tome conta das nossas geografias para descomplicarmos o máximo que pudermos de forma a retiramos peso da mochila, tornando a caminhada mais leve. Carregamos demasiado peso nas nossas costas. Arrastamo-nos em vez de caminharmos de forma assertiva mas ao mesmo tempo descontraída. A paciência é uma grande virtude que deveríamos saber estimular para sermos mais felizes. As dificuldades que enfrentamos moldam a nossa personalidade. É assim que crescemos e nos transformamos em nós. É assim que fundamos o nosso eu. Por isso, deveríamos cumprir esse desígnio como se estivéssemos a moldar uma peça de barra. É aí que devemos meter as nossas mãos por inteiro e sem medo, deixando escorrer a água barrenta que sobra em direcção ao seu lugar natural. E as mãos, as nossas mãos, devem agarrar o barro sem pressa mas com afinco para fazermos o melhor de nós e por nós.

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