OPINIóN
Actualizado 06/12/2020
Miguel Nascimento

Temos dificuldade em confiar nos outros. As experiências que vamos tendo ao longo da vida vão endurecendo os nossos corações. Tornamo-nos mais desconfiados e hesitantes em relação aos outros. Já nos demos em demasia e sofremos com isso. Tivemos dissabores e retornos negativos que não esperávamos. Apesar da disponibilidade o caminho nem sempre foi justo. Porém, como disse Samuel Johnson "é melhor sofrer uma injustiça que praticá-la, assim como às vezes é melhor ser enganado do que não confiar". Na verdade, a nossa humana dimensão só se completa na relação com os outros mesmo no meio de todas as imperfeições, enganos e desencontros. Não somos perfeitos. Ninguém é perfeito. Os altos e baixos da vida transformam-nos e mexem muito com as nossas veredas interiores, com os nossos sentimentos. Mas sozinhos também não nos completamos nem encontramos qualquer graciosidade na viagem. Precisamos dos outros e os outros precisam de nós. Temos de acreditar e confiar em nós e ao mesmo tempo nos outros porque como disse a propósito Lao-Tsé "aquele que não tem confiança nos outros, não lhes pode ganhar a confiança". No meio do turbilhão de emoções que dão conteúdo à nossa vida temos que, em primeiro lugar, confiar em nós para não estarmos sempre a duvidar dos outros como nos disse Machado de Assis. Todos os que vivem na grande aldeia da nossa vida têm que aprender a confiar e a valorizar mais o que une e muito menos o que separa. Os equilíbrios são sempre encontrados no meio das turbulências na medida em que o coração tem o poder de reparar o que tantas vezes a racionalidade estraga. A vida é um instante. Uma viagem demasiado rápida para desperdiçarmos o que verdadeiramente importa. Por isso, confiemos para nos completarmos e para sermos felizes, todos!

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