OPINIóN
Actualizado 08/11/2020
Miguel Nascimento

Os tempos que correm exigem o melhor de nós se quisermos continuar enquanto houver uma estrada para andar. Inspiro-me em Jorge Palma, na sua música e nas extraordinárias composições que nos dão esperança nestes dias sombrios. Sim, apesar das tempestades, enquanto houver ventos e mar a gente não vai parar, vai continuar.... enquanto houver estrada para andar. O caminho será longo independentemente do tempo que couber a cada um de nós. Temos que reunir os elementos e juntar na mesma sala todas as nossas forças e competências emocionais para pintarmos o céu em tons de azul como cantavam os Rádio Macau. Pela poesia e pela música é que vamos, para tomar na mão as palavras grandes de Sebastião da Gama. Não estamos no tempo de puxarmos lustro às nossas minudências e aos nossos egos que fitam o espelho sem perceberem que à volta há uma realidade urgente que precisa da nossa melhor atenção. Este é o tempo de entrelaçarmos os braços para formarmos cadeias de união que fortaleçam todas as geografias da esperança. Podemos, num momento colectivo de maior dificuldade, viver com menos, largando consumismos que apenas apimentavam a competição materialista por nada. Precisamos de sobreviver a esta tragédia pandémica que se abateu sobre nós e, ao mesmo tempo, refundar caminhos que nos façam seguir em frente. Agora que nos encontramos no meio deste plano inclinado precisamos, mais do que nunca, da luz que temos para dar uns aos outros. Em conjunto temos que salvar a humanidade, começando por reforçar os valores humanistas da fraternidade e da tolerância. Não nos podemos dar ao luxo de deixarmos crescer ódios, divisões e extremismos que se alimentam do medo. Não podemos deixar que o pior de nós, que mora dentro do nosso lado negro, cresça e floresça. A jornada que será dura exige a presença do nosso lado mais luminoso para termos fé nos dias melhores. Estender a mão não é apenas um gesto solidário. É uma urgência para nos salvarmos e seguirmos em frente e viajarmos para além das nuvens do horizonte. Só assim podemos continuar nesta estrada que temos para andar. Só assim a gente pode continuar, sem parar, entre ventos e mar.

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