OPINIóN
Actualizado 05/07/2020
Miguel Nascimento

Esta semana as fronteiras entre Portugal e Espanha voltaram a ser atravessadas de forma livre. Mantêm-se, naturalmente, os cuidados que todos devemos ter para minimizarmos e combatermos a pandemia que nos obrigou à clausura e ao encerramento das fronteiras. Porém, já se respira a liberdade de podermos passar de um lado para o outro, cumprindo a magia que a fronteira nos proporciona desde há muito. E isso é uma felicidade enorme, para portugueses e espanhóis! Agora é tempo dos povos ibéricos matarem saudades e de reerguerem os pilares de todas as sustentabilidades que, entretanto, foram interrompidas. Por estes dias de sol a esperança regressa à comunhão das vontades que nos unem e que, ao longo dos séculos, sempre partilharam as pontes de todos os atravessamentos. Ainda temos medo porque isto está longe de estar resolvido. Olhamos para o futuro com preocupação. Mas, precisamente por isso, devemos fazer tudo o que está ao nosso alcance para juntarmos o que a pandemia dispersou. Estamos ainda no meio do combate pandémico e enfrentamos com muita dor e sofrimento os efeitos do pandemónio em que se transformaram as economias do mundo e em particular da nossa península. Estamos juntos neste inferno de dificuldades. Não queremos morrer da doença mas também não queremos morrer à fome. Não podemos deixar que se destrua o que demorou tanto tempo a erguer. Sabendo que o contexto é complexo e que as tempestades estão anunciadas para os tempos próximos este é o momento de, portugueses e espanhóis, darem as mãos para se fortalecerem neste combate colectivo. Mais do que fotografias de família e gestos simbólicos precisamos de, unidos, fazer pelo nosso futuro comum. A economia é, mais do que nunca, a prioridade cimeira e emergente. E ela não acontece com proclamações e mãos cheias de banalidades. A economia real acontece se as pessoas tiverem dinheiro nos bolsos e as empresas e instituições capacidade e "poder de fogo" para seguirem em frente com as suas respectivas demandas. No meio desta mobilização geral para que todos fomos convocados não podemos deixar ninguém para trás, nomeadamente os que se sentem mais vulneráveis. Os desenhos do futuro têm que ser, mais do nunca, inclusivos, solidários e coesos. As fronteiras agora reabertas transmitem-nos um sinal muito forte. Se o soubermos interpretar correctamente, devemos voltar, como tarefa primordial, a reerguer o que desabou nestes meses de inferno e instabilidade. A fronteira tem uma magia extraordinária. Saibamos cumpri-la!

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