OPINIóN
Actualizado 07/06/2020
Miguel Nascimento

A nossa vida muda-nos. Transforma-nos! Estamos em constante mudança e em absoluta aprendizagem. Às vezes queremos caminhar e não temos chão. Outras vezes não sabemos qual o caminho a seguir e a direcção a tomar. Hesitamos perante as opções. Entretanto fazemos escolhas certas e erradas. Avaliamo-las quase sempre em função dos resultados e nunca de acordo com a vontade do coração. Sabemos que o coração nos engana, mesmo que de forma involuntária. Mas é genuíno! Bombeia-nos intuições para seguirmos. Se formos autênticos seguimos atrás delas e, por vezes, com resultados muito diferentes das nossas expectativas, sejam elas quais forem. O caminho é breve, mas demora uma eternidade a passar. É o tempo da nossa transformação. As coisas que vivemos moldam-nos o temperamento. Se estivermos atentos conseguimos aprender depressa e ganhar espaços aos momentos seguintes. Evitamos muitas coisas más. Outras não conseguimos por mais atentos que estejamos. A vida é assim, é feita de experiências, de sucessos e fracassos. E entre uns e outros vamo-nos transformando em nós, no resultado das nossas decisões. Em função disso, se tudo correr bem é bom que não nos deslumbremos. Se tudo correr mal é muito importante que não nos deixemos abater. É preciso seguir em frente, sempre! A vida dá-nos esse equilíbrio e muitos sinais que precisamos de aproveitar para sermos felizes não a todo o tempo mas durante o maior tempo possível. O futuro guarda-nos sempre tempestades e dias de sol para nos continuar a temperar. Quando chegamos ao fim da viagem e conseguirmos vislumbrar o homem da barca que nos levará para o outro lado do rio sem direito a bilhete de regresso, percebemos melhor a nossa transformação. Nos limites do nosso tempo conseguimos rebobinar o filme da nossa caminhada. Nessa sala de cinema que tem um único espectador percebemos o que fomos mudando e também o que conseguimos mudar à nossa volta. Porém, nesses momentos derradeiros, a transformação deixa de acontecer e também já não temos força para mudar nada. Por isso, quando seguimos na viagem, não importa a que distância do seu início, devemos perceber - mais cedo que tarde - que devemos maximizar o caminho que está à nossa frente, enchendo-o de vida e de decisões. O pior que nos pode acontecer é ficarmos parados à espera que o tempo passe e que alguém nos venha perguntar se precisamos de alguma coisa. O tempo voa e nós temos que aproveitar todas as oportunidades para nos continuarmos a transformar no que desejamos, verdadeiramente. Tudo o que fizermos será sempre melhor do que tudo o que deixarmos de fazer, mesmo que os erros se acumulem, uns em cima dos outros. Viver é isso mesmo. É tentar e falhar. É deixar que o coração fale e nos comande a intuição. A transformação segue dentro de momentos porque temos sede de viver e aproveitar o caminho.

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