OPINIóN
Actualizado 08/12/2019
Miguel Nascimento

Inspiro-me na célebre frase de Nelson Mandela que dá título a este conjunto de palavras para continuar a estimular todos os que se aventuram no caminho. A viagem nem sempre é fácil. Existem obstáculos e muitas montanhas e desafios para ultrapassar e vencer. Nem sempre isso acontece. Ganhamos e perdemos vezes sem conta, mas continuamos. Por vezes, o medo de perder imobiliza-nos. Deixa-nos gélidos e petrificados. E quando isso acontece deixamos de ser nós. Deixamos de ir e deixamos de fazer acontecer. É também por isso que as palavras e sobretudo o exemplo de Nelson Mandela são tão importantes para todos nós e para a nossa humanidade. Temos que ir e fazer. Temos que avançar, arriscar, perder e ganhar. E quem ousa avançar nunca perde. Ou ganha ou aprende como insistentemente nos disse e fez Mandela. Nesta roda que o destino nos destina entramos, por vezes, em desafios complexos que não conseguimos ganhar. Vamos à procura de uma coisa, de um sonho, de uma ideia. Mas não conseguimos alcançar o que tanto desejamos, apesar de muito tentarmos. Neste esforço incessante, mesmo com derrotas pelo meio, aprendemos muito. Aprendemos como não fazer e também como fazer melhor. Vamo-nos apurando. Mas nesse caminho de aprendizagem e enquanto procuramos o que queremos, encontramos, tantas vezes, o que não procurávamos mas que nos enche a alma de felicidade. Há encontros inesperados e coisas que acontecem sem estarem previamente desenhadas. A espontaneidade de tudo o acontece é, acima de tudo, uma grande alegria e uma enorme revelação. Trabalhamos para conquistar algo que não conquistamos mas, entretanto, encontramos algo que não procurávamos. Nesse momento, nessa linha aparentemente confusa que separa o desejo da revelação espontânea acontece uma felicidade tremenda que não estava prevista, pensada e nem sequer era procurada. Também por isso e no contexto da aprendizagem que nos sugere Mandela o nosso avanço para o desafio, para as batalhas que temos que enfrentar, é sempre positivo porque ou ganhamos ou aprendemos. Ou seja, nunca perdemos. Ganhamos sempre alguma coisa. E ganhamos tanto que até encontramos o que não procurávamos mas que nos enche de prazer e alegria. Quando vamos à procura de uma coisa nas nossas gavetas e baús encontramos sempre pequenos objectos, fotografias, notas e outros apontamentos que são pedaços de memória de tempos bons. Na vida e na luta de todos os dias também é assim. Temos que ousar avançar e nunca nos deixarmos tolher pelo veneno do medo que nos petrifica e imobiliza. Só temos que avançar, sem medo, para as linhas da frente mesmo que, aparentemente, nos pareçam demasiado escuras e temerárias. Avançar é a razão se nos construirmos em andamento, mesmo que acabemos por ganhar o que nunca pensámos que viria parar à nossa mão, ganhando toda a atenção do nosso coração. Não há lugares nem tempos de compensação quando perdemos. Temos que assumir sempre essa condição, seguindo em frente para a próxima batalha. A aprendizagem das vitórias e das derrotas é sempre extraordinária. Mas nada se compara às coisas que o destino nos coloca na frente, mesmo sabendo que vamos noutra direcção. Perante a espontaneidade das coisas que acontecem só temos que aproveitar os ventos a favor e ajustar as velas. Quem sabe se na nova direcção não encontraremos mais coisas que não procuramos?

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