A vida tem altos e baixos como todos sabemos. Não é fácil. Mas também não é um "bicho-de-sete-cabeças"! Uns dias estamos no alto e outros estamos em baixo. Numa posição e noutra não deixamos de ser nós. Muda apenas a perspectiva. Mas isso é muito importante. E é ainda mais importante quando estamos em baixo e procuramos olhar para cima! Queremos estar sempre em cima mas, devido a diversas circunstâncias, estamos muitas vezes em baixo. Desejamos subir. Mas, às vezes, parece que todas as forças do universo se juntaram para nos empurrarem para baixo. Desejamos estar em cima. Formulamos esse desejo. Mas não fazemos nada por isso. Depositamos a esperança na sorte e nas conjunturas que um dia farão soprar os ventos a nosso favor. Para que nos levarem para cima. Passa um dia, outro, uma semana, um mês, vários meses? e nada acontece! E não acontece nada porque, simplesmente, não fazemos nada para que possa acontecer alguma coisa. Ficamos imóveis. À espera que algo aconteça. Às vezes parecemos a "nêspera" de que nos falava Mário Henrique Leiria nos "Novos Contos do Gin": uma nêspera / estava na cama / deitada / muito calada / a ver / o que acontecia / Chegou a Velha / e disse / olha uma nêspera / e zás comeu-a / é o que acontece / às nêsperas / que ficam deitadas / caladas / a esperar / o que acontece. Nós não podemos, como a nêspera, ficar à espera do que acontece. Temos que ser determinados. Temos que ir à procura. Temos que fazer por acontecer. Devemos traçar metas claras e definidas e, sobretudo, acreditar que as podemos alcançar. Quem é determinado parece contar com uma fonte inesgotável de energia mesmo que, na maioria das vezes, os cenários sejam muito difíceis e a concretização dos sonhos pareça uma meta muito longínqua. É preciso acreditar para sermos determinados. E é preciso sermos determinados para acreditarmos que somos capazes de concretizar tudo o que nos propomos fazer. Inspiro-me tantas vezes no grande sábio que foi Charles Chaplin para, como ele, lutar com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, "porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito bela para ser insignificante." Nem sempre somos determinados. Quase sempre encontramos desculpas nisto e naquilo para ficarmos, como a nêspera de Mário Henrique Leiria, deitados e calados à espera de algo que aconteça. Não podemos ignorar que a mudança está em nós e que acontece por nós. Não pelos outros mas por nós. E é por isso que devemos colocar toda a nossa determinação e empenho nos objectivos que traçamos. Devemos fazer tudo o que está ao nosso alcance para os cumprir. Vivemos tempos de muitas incertezas, de instabilidade e de grande hesitação. São precisamente estes tempos que reclamam a presença da determinatio para que todos os obstáculos sejam aplainados e contornados. Com determinação o caminho seguirá firme, Com determinação o caminho terá direcção. Com determinação estaremos focados no cumprimento dos nossos objectivos. Sabemos que apesar de seguirmos em frente soprarão ventos de todos os quadrantes. Algumas rajadas mais fortes terão a capacidade para nos atirar ao chão. Mas como somos determinados teremos a força suficiente para nos levantarmos as vezes que forem necessárias. Seguiremos em frente, com esperança, na medida em que acreditamos nela em função da nossa determinação. A determinação é uma competência emocional extraordinária que não devemos desvalorizar. Antes pelo contrário, devemos dar-lhe força para que ela nos ajude a concretizar os planos da viagem. Se formos determinados deixaremos de culpar os outros pelos nossos fracassos e pelo nosso insucesso. Deixaremos de ser vítimas (tantas vezes) do nosso próprio posicionamento e comportamento. Nestes tempos de ventos fortes e de tempestades intensas testaremos a nossa força a partir da nossa determinação. Desenharemos o nosso caminho e seguiremos o seu trajecto sem lamentações. Com determinação chegaremos a todas as metas que traçarmos. Seremos mais felizes. Provocaremos a mudança. Em nós e nos outros. Cumpriremos os nossos ideais, com determinação, sempre! E, acima de tudo, não ficaremos calados à espera do que acontece.