OPINIóN
Actualizado 12/06/2016
Miguel Nascimiento

O mundo está em conflito permanente. Aqui e ali ou neste tempo e naquele encontramos espaços de paz mais ou menos duradouros. Mas, ela nunca é definitiva. A esmagadora maioria deseja a paz. Mas, infelizmente, há sempre quem deseje a guerra. Há sempre gente disponível para alimentar o ódio e para estimular a conflitualidade. Há gente que apenas se alimenta da necessidade de conflito permanente. E isto é tão válido para os conflitos verdadeiramente sangrentos como para as pequenas questões de todos os dias. Todos conhecemos pessoas que parecem estar zangadas com o mundo. Raramente estão felizes e se as observarmos com atenção percebemos, facilmente, que procuram o conflito a todo o momento porque lhes falta a paz interior que, como expressou François La Rochefoucauld, é o "primeiro dos bens, depois da saúde". Por isso, entendo, cada vez com maior convicção, que a solução duradoura para os conflitos que conhecemos reside nesse trabalho profundo que cada um de nós deve fazer para alcançar a paz interior. A este propósito Dalai Lama diz-nos que "sem paz interior, sem calma interior, é difícil encontrar uma paz duradoura". Procurar a paz interior é um exercício muito difícil. Mas é exactamente por aí que devemos seguir. É um caminho que exige libertação do desejo e de uma prática profunda de amor, compaixão e esforço permanente para compreendermos os outros e para construirmos com todos um enorme espaço de felicidade. A paz interior não se alcança por decreto. Temos que fazer um esforço contínuo e verdadeiro para alcançarmos esse patamar. Mesmo quando estamos determinados a seguir esse caminho não conseguimos chegar ao destino da paz interior com rapidez. Percorrer esta linha fundamental exige tolerância, paciência, resiliência e, acima de tudo, amor e compaixão. A felicidade está sempre ao nosso alcance. Mas temos que a procurar. Temos que ir ao seu encontro. Temos que edificar o nosso tempo interior com muita perseverança e muito trabalho. Não existem guiões perfeitos nem religiões ou filosofias mais adaptadas a esse caminho. Temos apenas que seguir o nosso coração e deixar de lado a ansiedade que a velocidade vertiginosa do nosso tempo nos impõe. Não temos tempo para nada. Corremos de um lado para o outro. Sofremos de ansiedade permanente porque não sabemos parar para escutar o coração e para contemplar a natureza que nos abraça e que clama insistentemente pela nossa atenção. A vida passa a correr e é um bem demasiado precioso para não lhe darmos a atenção que merece. Podemos orar, reflectir, meditar? cada um saberá escolher o seu caminho. Mas temos que ir. Temos que fazer alguma coisa por nós fazendo os outros felizes. E essa é uma tarefa de todos os dias. Procurar a nossa paz interior é um bem maior do qual não devemos desistir. E para estarmos em paz devemos, em primeiro lugar, perdoar todos os nossos erros e todas as nossas imperfeições. Devemos libertar a carga em excesso para que a viagem não seja tão pesada. Devemos ir, simplesmente, e procurar a luz do caminho. Se for necessário desmontamos todas as pedras do nosso templo interior e voltamos a construir um novo, mas forte e com maior coesão. E é nesse templo que devemos edificar a nossa paz interior para olharmos para a vida como ela merece ser olhada. Façam boa viagem e não deixem de escutar o vosso coração!

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