OPINIóN
Actualizado 05/06/2016
Miguel Nascimiento

Ouvimos dizer, com frequência, que algumas pessoas têm muita sorte na vida e outras não. Ou que uns têm uma capacidade inata para os negócios e outros, por muitas tentativas que façam, nada lhes corre bem. Nada de mais errado! Sou daqueles que pensam que a sorte dá muito trabalho! Muitos tentam a sua sorte lançando-se em iniciativas para concretizarem as suas ideias. Na maioria das vezes as coisas não correm bem. Então desistem das coisas. Deixam de lutar por aquilo em que acreditaram. Claro que há sempre "velhos do Restelo" e vozes agoirentas que lhes sopram ao ouvido, com grande constância, frases como estas: tu não és capaz; não vais conseguir; isso não vai resultar; não tens capacidade para isso; Já tentaste e não deu certo, estas coisas não são para ti! Infelizmente, algumas destas vozes ajudam a desmobilizar vontades e a desfazer sonhos. Precisamos de contrariar os "velhos do Restelo" que estão sempre aí ao virar da esquina. Os sonhos têm que ser sempre mais fortes e os empreendimentos têm que continuar apesar das vozes agoirentas. Por outro lado, e quando uma primeira tentativa falha somos nós que desanimamos e temos vontade de desistir. Aliás, na nossa geografia dos negócios, um empresário que leva uma empresa à falência fica com uma espécie de marca de "incompetência"; por isso, em próximas tentativas são menos os que acreditarão nele por causa do seu historial. Por exemplo, nos Estados Unidos um empresário que já faliu uma ou diversas vezes tem um capital de segurança que é validado de forma positiva pela banca e pelos investidores. Todos sabem que neste novo projecto aquele empresário já não vai cometer os mesmos erros que cometeu nas iniciativas anteriores. Por isso, apesar dos erros cometidos apostam sempre em quem quer recomeçar. E isso faz toda a diferença! Como disse Bill Gates, "tente uma, duas, três vezes e se possível tente a quarta, a quinta e quantas vezes for necessário. Só não desista nas primeiras tentativas, a persistência é amiga da conquista. Se você que chegar onde a maioria não chega, faça o que a maioria não faz." O êxito não se consegue sem trabalho, persistência e também de muita coragem. Atravessamos um tempo difícil e pouco propício a aventuras empresariais. Porém, a nossa história colectiva está repleta de exemplos de superação e de persistência precisamente quando os contextos eram mais adversos. Um desses grandes exemplos é Soichiro Honda que, depois de tentar muitas vezes e de ter recomeçado tudo de novo vezes sem conta, fundou o grande império da Honda, forjando uma lenda e uma grande história de sucesso. De resto, Soichiro Honda disse a propósito do seu caminho duro e persistente que o "sucesso representa 1% do seu trabalho que resulta dos outros 99% chamados fracasso". Este engenheiro japonês sempre valorizou a sua experiência e todos os seus fracassos. Nunca desistiu apesar de todas as adversidades que encontrou ao longo da sua vida. Aliás, sempre conseguiu ver nessas adversidades as oportunidades certas para avançar e abrir portas para outras direcções e sentidos. Também por isso disse, muitas vezes, que vivia "o presente para construir o futuro, com a experiência do passado". Não quero maçar-vos muito com a história de Soichiro Honda, mas ela é um verdadeiro exemplo da vitória da persistência e de todas as adversidades. Vale a pena mergulhar nela! Admiro muito as pessoas que correm atrás dos seus sonhos e que durante a caminhada para o seu destino caem muitas vezes mas levantam-se outras tantas seguindo sempre em frente. Não desistem! Não têm tempo para os "velhos do Restelo" nem para as vozes agoirentas. Seguem o seu caminho cumprindo um dos lemas de Confúcio: "transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha". Soichiro e outros como ele construíram, aos poucos, as suas montanhas fortes e inabaláveis! No meio da guerra, com escassos meios e, acima de tudo com muitas dificuldades, Soichiro - depois de um percurso incrível de muitas tentativas, erros e persistência - teve a capacidade de continuar a criar, adaptando um pequeno motor a uma bicicleta, tornando-a "motorizada" e transformando-a na "ponte" para o grande império que construiu. Soichiro Honda tinha certamente as qualidades que hoje o Dalai Lama repete com insistência: "determinação, coragem e auto-confiança são factores decisivos para o sucesso. Se estamos possuídos por uma inabalável determinação, conseguiremos superá-los. Independentemente das circunstâncias, devemos ser sempre humildes, recatados e despidos de orgulho". É precisamente por aí que devemos ir, pelo sonho, como nos disse Sebastião da Gama. Se vamos, somos! E é isso que importa! Inspiremo-nos todos neste e noutros exemplos de persistência para nos tornarmos mais empreendedores nas nossas vidas, procurando o nosso sucesso e ajudando outros a andar para a frente, mantendo a rota da nossa viagem e, acima de tudo, a nossa humildade!

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