OPINIóN
Actualizado 27/09/2015
Miguel Nascimiento

Há dias, na extraordinária cidade de Córdova, em Espanha, deparei-me com a frase que dá título a este texto numa das suas labirínticas ruas brancas. Nesta cidade monumental, plataforma de encontro de culturas, com património secular, pátios e lugares que convidam à experiência de uma rica gastronomia ao som do vibrante flamengo, há espaço para a manifestação espontânea dos sentimentos da alma e das coisas da vida. Cidades de grande expressão turística com esta no coração da Andaluzia alcançam uma escala enorme no quadro da valorização do seu fantástico passado histórico. Aqui, neste chão cultural, o encontro de culturas que a própria história nos oferece, faz-nos reflectir sobre os tempos da actualidade, nomeadamente sobre os desafios da multiculturalidade que a europa tem pela frente.

Em Córdova podemos viajar no tempo e perceber melhor os caminhos da história. Ali, as pedras de cada esquina respiram cultura e sussurram-nos lendas infindáveis ao ouvido. Vale a pena visitar o seu vasto património e contemplar a diversidade religiosa e cultural. As suas ruas estreitas e engalanadas por flores de todas as cores e formas convidam ao passeio e ao convívio nos seus mágicos pátios interiores. Mas, uma simples frase, ao virar da esquina, no meio de uma sucessão monumental de evidências patrimoniais faz-nos parar um pouco para pensarmos no que verdadeiramente importa. Ali, na monumental cidade de Córdova, repleta de grandeza, o passeio é interrompido por uma frase que inquieta. Na verdade, esta cidade andaluza foi sempre chão de filósofos, como Séneca e Maimonides, por exemplo. A frase escrita na parede branca, com tons de actualidade, representa a continuidade de um pensamento que esteve e estará sempre presente na beleza destas ruas estreitas e pátios repletos de magia. O sol não chega até ao chão devido às paredes altas, mas as palavras emanam uma luz tão intensa que ninguém pode ficar indiferente à mensagem que pretendem transmitir. A parede branca respira e pede-nos que escutemos o nosso coração. Afinal quais são as coisas que verdadeiramente importam? É verdade que muitas vezes não valorizamos no tempo exacto o que verdadeiramente importa para nós. Envolvemo-nos em coisas fúteis e estéreis. Gastamos o nosso tempo com mãos cheias de nada e realizando tarefas sem interesse e dimensão. A vida é cada vez mais frenética. Não temos tempo para nada. Vivemos um "full time" completamente vazio. Adiamos o amor e os afectos. Adiamos dizer as coisas certas no momento certo. Neste ciclo frenético em que mergulhámos a nossa vida olhamos para trás e percebemos que há coisas que vão perdendo o seu brilho. Estamos redondamente errados! Esta frase faz-nos despertar! Faz-nos acreditar e valorizar o que é verdadeiramente importante para nós. E o que é verdadeiramente importante nunca perde o brilho! Saibamos valorizar então o que importa para podermos dar brilho à nossa vida, enchendo-a com o que verdadeiramente importa.

Leer comentarios
  1. >SALAMANCArtv AL DÍA - Noticias de Salamanca
  2. >Opinión
  3. >Las cosas que importan jamás pierden su brillo