O Verão já ficou para trás. O Outono bate à nossa porta com grande firmeza! Está ansioso por começar um novo ciclo! Por estes dias as cidades enchem-se de gente mais jovem. É o início do novo ano lectivo. É um tempo de começo e de recomeço. Sente-se o bulício das crianças e adolescentes nas ruas e imediações dos estabelecimentos de ensino. É um novo vai e vem de esperanças e desafios. É preciso que o ano "arranque bem" repetem os professores em cada sucessiva apresentação do primeiro dia. Sente-se a ansiedade no ar e cada um procura o seu lugar, a sua rotina e o caminho para o cumprimento dos seus objectivos. O tempo da educação é também o tempo das cidades. Percebe-se cada vez melhor este compromisso e a importância do investimento nesta área estrutural para todas as comunidades. As "cidades educadoras" são uma aposta de futuro. Este conceito, proposto em 1972 por Edgar Fauré através da obra "Apprende à être", publicado pela UNESCO, vem vindo a ganhar consistência e dimensão junto das cidades mais competitivas do mundo. Trata-se de um novo compromisso das cidades com a educação. Trata-se de um compromisso político e público que integra a educação formal, não formal e informal num único caminho direccionado para toda a comunidade. O desafio educativo deixa de estar confinado às famílias e às escolas para se alargar aos municípios, às associações, às indústrias culturais, ao tecido empresarial e a todas as instituições da cidade. Trata-se de um avanço civilizacional muito grande e uma verdadeira aposta das cidades no futuro. A partir desta nova perspectiva a educação passa a ser uma tarefa partilhada. Nesta proposta inovadora as famílias e a escola constituirão sempre o centro do processo educativo; porém a governação local assumirá cada vez mais importância na construção das cidades educadoras, na medida em que ao representar os cidadãos que legitimamente a elegeram, tem o dever de escutar, animar, propor, dinamizar, coordenar, liderar e executar iniciativas que conduzam a bons resultados para todos. Os executivos municipais que pretendam que as suas cidades sejam consideradas "educadoras" devem também assumir que a educação no seu sentido mais amplo constitui o eixo fundamental e transversal do seu projecto político. Porém, trilhar este caminho não é tarefa fácil. É preciso que os eleitos locais tenham a visão de futuro, a força política e a determinação necessária para empreenderem uma tarefa desta dimensão e grandeza. Nem todos estão preparados para este caminho de exigência e de trabalho árduo. Esta linha de sucesso reclama novos modelos de governação e lideranças fortes e ousadas que não tenham receio de envolver os cidadãos no processo de decisão, promovendo os mecanismos de democracia directa e valorizando e prestigiando a democracia representativa. As cidades educadoras representam um avanço civilizacional. Nestes tempos duros e difíceis o reforço dos valores humanistas e a promoção da cooperação e da co-responsabilização da gestão das comunidades com base na dinamização de um processo educativo envolvente, podem constituir-se como a verdadeira sementeira de um futuro melhor para as gerações que aí vêm. As cidades educadoras são apenas um caminho. Há outros, com toda a certeza. Mas, as cidades e respectivos executivos municipais que apostarem na educação como projecto político transversal estarão a depositar a melhor esperança na construção de uma comunidade mais forte e com maior capacidade para ganhar o futuro!