OPINIóN
Actualizado 19/10/2014
Miguel Nascimiento

OUTONO Outono. Como restam ainda nesta árvore as verdes ilusões? A paz no pensamento. A paz no coração. O chilreio das aves. "Adeus a juventude" diz a rosa fagueira que vai perdendo as pétalas. ANTONIO SALVADO

Por estes dias o poeta português António Salvado volta a estar em destaque no corredor cultural entre Salamanca e Castelo Branco. Esta semana António Salvado esteve presente no XVII encontro de Poetas Ibero-americanos que teve lugar em Salamanca entre 15 e 16 de Outubro. Neste verdadeiro epicentro da poesia ibero-americana que, nesta edição, prestou homenagem ao poeta cubano-espanhol Gastón Baquero, António Salvado (que também traduziu a poesia de Gastón Baquero) apresentou o seu último trabalho: a antologia de poesia "Um Extenso Continente" que reúne textos de 200 poetas de Portugal, Espanha, Brasil, África e de diversas geografias da América Latina, em homenagem ao poeta luso que nasceu em Castelo Branco em 1936. Depois de Salamanca segue-se Castelo Branco, onde a Câmara Municipal promove, nos dias 24 e 25 de Outubro, um Colóquio consagrado a António Salvado que, para além de contar com destacadas figuras da cultura, será palco para apresentação, em Portugal, da antologia "Extenso Continente", e para a realização de sessões temáticas, itinerário de leitura, apresentação de vídeo de poemas, exposição bibliográfica e sessão de leitura poética. Esta antologia é um grande tributo intercontinental a António Salvado e à excelência da sua obra. É uma grande homenagem! É inteiramente merecida, justa e vem no tempo certo, uma vez que António Salvado é hoje uma referência mundial da poesia, das letras e da cultura. António Salvado tem uma obra extensa que emana um perfume disperso por diversas latitudes da palavra e dos afectos. Foi professor, tradutor, arqueólogo, museólogo (Director do Museu Tavares Proença Júnior em Castelo Branco), autor de ensaios, coordenador de antologias e muitas outras publicações. A sua obra foi reconhecida várias vezes com prémios nacionais e internacionais. Os seus textos (prosa e poesia) estão traduzidos para castelhano, francês, inglês, italiano, alemão, búlgaro e japonês. António Salvado é um grande embaixador da nossa língua e da nossa cultura. É portador dos nossos afectos e um descodificador das coisas simples e complexas desta nossa terra quente, deste chão que é nosso. António Salvado é um mestre! Como todos os mestres apresenta-se de forma simples e humilde. Não exibe nada a não ser uma extraordinária capacidade de trabalho. Mas nós que apreciamos a sua obra e olhamos para o seu percurso de vida como um farol que nos ilumina o caminho podemos e devemos recordar alguns dos seus aspectos mais significativos, nomeadamente no que diz respeito ao reconhecimento da excelência da sua obra. Em 1980 António Salvado venceu o Prémio Fernando Chinaglia/Personalidade, da União Brasileira de Escritores. Em 1986 foi galardoado com a Medalha de Mérito da Universidade Pontifícia de Salamanca. É Medalha de Mérito do Ministério da Cultura (Portugal) e Medalha de Prata pela Câmara Municipal de Castelo Branco. É cidadão honorário da cidade de Salamanca e membro da Cátedra Poética "Fray Luís de León" da Universidade Pontifícia de Salamanca. Em 2010 foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant´Iago da Espada, pelo conjunto da sua obra poética consolidada em muitas dezenas de títulos. António Salvado, hoje com 78 anos, afirma que "é raro o dia em que não escreve". Depois do "Extenso Continente" e da sua "Ilha" vêm aí mais publicações que representam uma fonte inesgotável e maravilhosa da capacidade criadora do poeta luso. A sua palavra continua a fluir com a magia de sempre, incansável, a interpretar e a traduzir sensações, tempos e espaços da nossa dimensão humana. António Salvado, o "poeta da ibéria" como já o designaram, continua a surpreender-nos através de uma sensibilidade cultural impressionante e a prosseguir a sua demanda qual guerreiro resistente, duro, granítico, forte e inquebrantável, na defesa dos "castelos da cultura" deste território interior de Portugal. Não podemos ficar indiferentes à sua palavra, límpida, fina, densa e inquietante e, muito menos, à sua ligação ao espaço e ao tempo da nossa beira. Parabéns António Salvado e força, muita força, para continuar a iluminar o nosso caminho por muitos e bons anos!
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