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40 dias de um sentir religioso profundo
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40 dias de um sentir religioso profundo

Actualizado 22/02/2015
Miguel Nascimiento

A Quaresma é também um tempo de perdão e de reconciliação. É preciso orar e reflectir. Nestes quarenta dias devemos ter a capacidade de nos posicionarmos no deserto em que às vezes se transforma a nossa vida para pensarmos nas coisas que verdadeiramente v

Esta semana o calendário entrou num período de grande significado, especialmente para os cristãos católicos que em larga maioria habitam os territórios de Portugal e Espanha. A Quaresma é o ciclo mais importante do ano litúrgico. Os quarenta dias da Quaresma constituem um período de grande reflexão interior que antecede a Páscoa. Os dois países ibéricos vivem este tempo com grande intensidade. A comunidade envolve-se nas celebrações da festa pascal. As dimensões espirituais e culturais cruzam-se em itinerários do sentir. Os ritos traduzem a força e a beleza da religião. Em todas as geografias da Ibéria são realizadas procissões, encomendação das almas, vias-sacras, martírios, ermidas, e outras manifestações de profundo sentir religioso. As Igrejas e capelas enchem-se de gente. A população é convocada para uma preparação interior que é feita através do jejum, penitência, caridade e oração. Esta semana a Feria quarta cinerum (quarta-feira de cinzas) marcou este tempo que termina na missa vespertina de quinta-feira santa. As cinzas foram benzidas e impostas na cabeça dos fiéis, em forma de cruz, como símbolo da vida efémera e passageira. É feito um convite à penitência, à reflexão. A Quaresma é um tempo denso e um espaço em que nos devemos encontrar. Devemos arrepender-nos do que fizemos mal, melhorar a nossa atitude e recentrar a nossa vida no que verdadeiramente importa. Todos devemos reflectir sobre o nosso caminho. Devemos olhar para trás, mas sobretudo para a frente, para o futuro e para a esperança. Este tempo abraça-nos, envolve-nos. Mas, também é preciso que nos deixemos abraçar e envolver mais do que temos feito até aqui. Este tempo da Quaresma é também um tempo de oportunidade. Vivemos dias difíceis. Há dificuldades económicas, pobreza e exclusão social em dimensões muito fortes. O individualismo entrou pela comunidade dentro. A ideia do "cada um por si" espartilhou muitas coisas. Provocou divisões e conflitos. Fundamentalmente, existe uma enorme crise de valores. Neste sentido, o tempo da Quaresma pode constituir-se como uma grande oportunidades para olharmos para dentro de nós e encontramos a nossa essência. Às vezes procuramos longe o que está perto. Não precisamos de grandes viagens mas apenas de procurar o que está dentro de nós. Todos temos defeitos e virtudes. Por isso, este é o tempo de nos arrependermos e de nos penitenciarmos pelos nossos pecados e por tudo o que fizemos mal, mas também é o tempo para puxarmos pelas nossas virtudes e deixarmos entrar o sol primaveril da esperança nos nossos corações. Precisamos todos de amor, paz e fraternidade, fundamentalmente quando as águas estão tão agitadas. A Quaresma é também um tempo de perdão e de reconciliação. É preciso orar e reflectir. Nestes quarenta dias devemos ter a capacidade de nos posicionarmos no deserto em que às vezes se transforma a nossa vida para pensarmos nas coisas que verdadeiramente valem a pena, dedicando-lhes mais e melhor atenção. Nesta Quaresma podemos e devemos viver este tempo com mais intensidade e muito para além da simples repetição cíclica do calendário. Devemos mergulhar na profundidade destes quarenta dias para podermos viver a Semana Santa e o Domingo de Páscoa como um tempo novo que nos permita continuar o caminho de forma renovada e sobretudo com mais confiança e esperança.

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